Fabio Chiorino, via Esporte Fino em 3/6/2015
“Espero que tudo isso acabe rápido e que o mundo do futebol volte à normalidade”. A frase é de Ronaldo, convidado a opinar sobre os escândalos de corrupção da Fifa e seus respingos na CBF. O empresário aproveitou para apoiar abertamente a renúncia de Marco Polo Del Nero, recém-empossado como presidente da confederação, alegando a relação intrínseca com José Maria Marin, hoje preso numa cela na Suíça, aguardando sua extradição para ser julgado nos Estados Unidos.
Afinal, qual é a normalidade imaginada por Ronaldo? Só um ermitão poderá se defender e dizer que desconhece a participação do ex-jogador na última Copa do Mundo. Ronaldo apareceu tanto quanto a alta cúpula da CBF. Ao lado de Ricardo Teixeira, que o convidou em 2011 para integrar o Comitê Organizador Local da Copa. Ao lado de José Maria Marin, então presidente da confederação, nos preparativos para o Mundial. Ao lado de Jérome Valcke, secretário-geral da Fifa, ao pressionar pelos avanços de infraestrutura e na construção de estádios. Ronaldo, acima de tudo, foi um escudo que revidava todas as críticas possíveis. Foi dele a desastrosa declaração de que uma Copa do Mundo não se fazia com hospitais.
Hoje, num evento de um patrocinador, Ronaldo desfilou uma série de obviedades e clichês. “O futebol deveria ser só entretenimento e os corruptos devem ser punidos exemplarmente”, declarou. Seria a mesma coisa que perguntar a uma criança recém instruída nas aulas de Educação Moral e Cívica. Ronaldo nem ao menos se disse arrependido de dar as mãos a essa turba nos últimos anos. Não pode fingir que tudo não passa de uma grande surpresa. Uma decepção imensa, uma fatalidade. Durante todo o tempo, Ronaldo esteve lá. Poderia ter abandonado o posto após a renúncia de Ricardo Teixeira, que novamente era cercado por acusações de corrupção. Nada disso. Até mesmo lamentou a saída do cartola.
Às vésperas da Copa do Mundo, Ronaldo mudou o tom. “Minha vergonha é pela população que esperava realmente esses grandes investimentos, esse grande legado de Copa do Mundo para eles mesmos”, afirmou, negando que as críticas tivessem qualquer relação ao seu apoio a Aécio Neves, então candidato à presidência do Brasil pelo PSDB. Meses depois, Ronaldo figurava e acenava em diversas comitivas tucanas.
A impressão é que Ronaldo sempre surfa numa onda já rebentada. É como se as suas convicções mudassem conforme o cenário e o apelo popular do momento. É previsível que Ronaldo use de sua enorme representatividade no mundo do futebol para cobrar moralidade. Mas a quem interessa hoje a sua opinião? Como dar credibilidade a um discurso que parece constantemente mudar de direção? Hoje, Ronaldo parece ser só mais um que se esforça para não ser mais visto como parte integrante de um grande circo. Se conseguir, fará jus ao apelido que carregou durante toda a carreira: um fenômeno.
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8 de junho de 2015 às 21:29
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8 de junho de 2015 às 18:59
A opinião do Ronaldo Gordo, vale sim… Um monte de “mehda”!