O plano “Rodízio do Sistema Cantareira 2014”, de 48 horas com água e 24 horas sem, foi considerado pelo governo de São Paulo uma a medida “tecnicamente inadequada”. A proposta poderia ter economizado 120 bilhões de litros em 2014. Mas, na realidade, não foi implantado por causa das eleições. Só para lembrar, Alckmin foi reeleito no 1º turno.
Via Agência Estado
Descartado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) no início da crise hídrica, o plano de rodízio proposto há um ano pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), de 48 horas com água e 24 horas sem apenas para as regiões abastecidas pelo Sistema Cantareira, poderia ter resultado em uma economia de 120 bilhões de litros em 2014.
A quantidade equivale a 12,3% da capacidade do manancial e supera a segunda cota do volume morto (105 bilhões de litros), que está sendo retirada pela empresa desde outubro.
O plano “Rodízio do Sistema Cantareira 2014”, revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo em agosto, foi entregue em janeiro pela Sabesp ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (Daee), um dos órgãos reguladores do manancial.
No documento, a companhia afirma que “o rodízio deve ser planejado em face da situação crítica de armazenamento nos mananciais” e previa uma economia de 4,2 mil litros por segundo na retirada do sistema, que resultariam em 120 bilhões de litros entre fevereiro e dezembro.
À época da revelação do plano, Alckmin disse que o rodízio “é tecnicamente inadequado” e o pacote de medidas adotadas pelo governo até então (redução da pressão da água, bônus na conta e transferência entre sistemas) “equivale a um racionamento de 36 horas com água e 72 horas sem”.
Já a Sabesp informou que o plano foi feito antes da crise, para o processo de renovação da outorga do Cantareira, que ocorreria em agosto passado e foi adiada.
Queda
Nenhuma das medidas adotadas pela Sabesp, porém, foi suficiente para estancar a queda do Cantareira, que tinha 23% da capacidade no início da crise e hoje opera com 23% negativos. As chuvas esperadas pelo governo para esse verão não vieram e, agora, a Sabesp admite a possibilidade de adotar um “rodízio drástico” de apenas dois dias com água e cinco sem.
A medida pode ser tomada caso a companhia seja obrigada a reduzir a retirada do Cantareira para 10 mil ou 12 mil litros por segundo. Em janeiro, o índice é de 14,7 mil litros, ante 29 mil litros por segundo antes da crise.
Em nota, a Sabesp informou ontem que “as medidas adotadas pela companhia desde o início da crise garantiram uma redução no consumo de água na região do Cantareira muito superior aos 4,2 mil litros por segundo previstos no rodízio. Segundo a empresa, neste mês, a redução da pressão (7,2 mil l/s) e o bônus (3,2 mil l/s) resultaram em uma diminuição de 10,4 mil litros por segundo.
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