O veneno da edição da entrevista de Venina

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Venina: O choro sem lágrimas.

Paulo Nogueira, via DCM

Cerca de R$600 milhões por ano para a Globo fazer um jornalismo como aquele que se viu na entrevista com Venina no Fantástico. Um mensalão eterno de R$50 milhões.

Foi minha primeira reflexão depois de ler a transcrição da entrevista.

A edição é venenosa a sua maneira. A Globo, para se preservar, não grita como a Veja. Só que cuida de despejar sobre sua audiência o mesmo tipo de veneno, apenas mais sutilmente, mas com o mesmo resultado e com a mesma finalidade.

O veneno não estava em Venina. Ela está contando sua história, e cabe averiguar. A maldade estava na maneira como Venina foi usada.

Dilma, no final, é citada – pela Globo. Numa tentativa de desmoralizá-la, a Globo diz que Dilma afirmou que não existe uma “crise de corrupção”. No meio de uma entrevista que trata exatamente de corrupção, a frase de Dilma parece o triunfo do cinismo.

Mas o cinismo é da Globo. É mais uma tentativa, como Roberto Marinho fez tantas vezes primeiro contra Getulio e depois contra Jango, de rotular como corruptos regimes que não garantem a manutenção de mamatas e privilégios a um pequeno grupo.

A Globo faz assim, tradicionalmente: cala quando a corrupção é amiga. Na ditadura, quando a empresa virou um gigante, corrupção não existia, numa troca macabra de favores. Sob Sarney e FHC, amigos e aliados, também não. Para a Globo, sequer a compra de votos da reeleição de FHC foi notícia.

Agora, o amigo Aécio também goza de imunidade. Que cobertura a Globo deu ao aeroporto de Cláudio? E ao helicóptero com meia tonelada de pó dos Perrellas, amigos fraternais de Aécio? A Globo é assim: também os amigos dos amigos recebem tratamento especial.

A este tipo de comportamento delinquente jornalístico se junta o descaro com que a Globo sonega – uma forma de corrupção que, se não combatida, destrói a economia de qualquer país.

Claro que Lula não poderia também escapar da edição da entrevista.

Venina repete uma frase segundo a qual seu chefe, em certo momento, teria olhado para um retrato de Lula e dito que ela estava colocando em risco muita coisa. Este alegado olhar numa alegada conversa é o bastante para a Globo, na edição, incluir Lula na trama.

Lula, o espectador do Fantástico, não quis conceder entrevista sobre o assunto.

Que a Globo esperava? Que ele dissesse que aquele não era seu retrato? Que se o presidente fosse FHC jamais seria citado? Que a Globo devia mostrar o Darf?

Fora isso, o que se viu foi o jornalismo preguiçoso e declaratória. Venina diz que contratou os serviços da empresa do então namorado e depois marido porque ela era realmente “boa”. Foram mais de R$7 milhões para a empresa do namorado, sem licitação. Por que a Globo não foi investigar a suposta excelência da empresa favorecida?

De novo: R$600 milhões por ano em dinheiro público, via propaganda federal, para a Globo fazer este tipo de jornalismo.

Você certamente conhece a tese da “servidão voluntária”, de um grande amigo de Montaigne, La Boetie. Ele dizia que povo nenhum estava obrigado a aturar tirania nenhuma. Bastava se insurgir.

O governo do PT, ao financiar por iniciativa própria a Globo et caterva, pratica exatamente a servidão voluntária de que La Boetia falava.

Leia também:
Dupla identidade: A heroína do Fantástico e a Venina do Linkedin

Uma resposta to “O veneno da edição da entrevista de Venina”

  1. pintobasto Says:

    A Venina Veloso não era uma simples funcionária da Petrobras e trabalhou junto do tal delator premiado Paulo Roberto Costa. Foi mandada para Singapura contra vontade? Se tinha conhecimento de irregularidades e as comunicou, mas foi retaliada com a transferência, deveria procurar o MP ou PF para fazer a denúncia e procurar proteção policial. Não foi ouvida pelo juiz Sérgio Moro? A história dela não está bem contada, faltam pormenores elucidativos que mostrem as situações.
    Venina não é nenhuma simples e inocente funcionária da Petrobras que foi perseguida dentro da empresa! Tem algo por trás disto que ela não contou. Com o salário de quase 200 Mil Reais por mês, tinha cargo de certa importância dentro da empresa e certamente acesso a orgãos do governo que escutariam suas denúncias.

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