Porto de Mariel: O que tucanos e aliados têm a dizer sobre isso?

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O ataque ao financiamento da Odebrecht, na construção do porto, mostrou a pequenez daquele que se apresentava como projeto de estadista.

José Augusto Valente, via Carta Maior

A cada dia que passa, fica mais claro o que representavam as candidaturas presidenciais em 2014. De um lado, Dilma com visão de estadista, com protagonismo internacional, com independência em relação aos EUA e com um programa progressista.

Do outro lado, candidaturas de Aécio e Marina navegando ao sabor de ventos e correntes conservadoras, pensando no imediato, sem visão estratégica, com projeto de dependência aos EUA e com programa conservador e, em alguns casos, reacionário.

Um dos pontos que marcou esse confronto foi o financiamento de empresa brasileira, pelo BNDES, para construção do Porto de Mariel, em Cuba.

Neste vídeo de campanha (clique aqui), que foi ao ar no dia 25/9/2014, Aécio comete duas barbaridades: mentir sobre o financiamento da obra do Porto de Mariel, em Cuba, dizendo que se destinava ao governo cubano, quando o destino era a empresa brasileira Odebrecht; mostrar uma situação de caos portuário brasileiro inexistente, para “justificar” que o governo brasileiro priorize investir aqui e não lá.

O ataque ao financiamento da Odebrecht, na construção do porto, mostrou a pequenez daquele que se apresentava como projeto de estadista. O que estava em jogo, nesse ataque à Dilma, era consolidar sua posição com a direita conservadora que consegue ser mais realista do que o rei.

Sim, nos EUA, o empresariado quer as relações comerciais com Cuba e elas já ocorrem há tempos. Com o impedimento – para Cuba – de fazer suas trocas comerciais com crédito para pagamento a prazo. Tem que ser tudo à vista, por causa do embargo que, acredito, será suspenso em breve.

Se o empresariado dos EUA é a favor de relações comerciais com Cuba, o que impede então a suspensão do embargo? Pelo que pude apurar, quem não aceita a suspensão é a colônia de cubanos que mora nos EUA, que tem muito voto.

Na banalização ideológica desse tema, Aécio mostrou que não seguiu, sequer, a avaliação da Fiesp, que congrega uma boa parte do empresariado brasileiro.

Para fundamentar o que estou escrevendo, ouça (clique aqui) o que disse Thomaz Zanotto, diretor de infraestrutura da Fiesp, em entrevista concedida à Record News. Nesta entrevista, Zanotto explica em detalhes por que o financiamento do BNDES à Odebrecht, para construção do Porto de Mariel, foi um golaço estratégico do Brasil.

Segundo o site da EBC, as obras no Porto de Mariel, tocadas pela Odebrecht, exigiram investimento de US$957 milhões, financiado pelo BNDES. Do montante, US$682 milhões foram aportados pelo Brasil. Como contrapartida, houve exigência de que pelo menos US$802 milhões do total fossem gastos na compra de bens e serviços comprovadamente brasileiros. Isso foi insuficiente para comover o candidato tucano.

A retomada das relações de Cuba com os EUA, estabelecida na quarta-feira, dia 17/12, pelo presidente Obama, mostra o quanto Lula e Dilma são verdadeiramente estadistas e líderes mundiais e o quanto Aécio não é, nem nunca chegará a ser.

O que se espera, a partir de quinta-feira, dia 18/12, é uma declaração de autocrítica de Aécio e seus aliados, em relação às duras críticas feitas ao apoio do governo brasileiro ao porto cubano de Mariel. Terão grandeza para isso?

José Augusto Valente é especialista em infraestrutura de transportes.

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3 Respostas to “Porto de Mariel: O que tucanos e aliados têm a dizer sobre isso?”

  1. bloglimpinhoecheiroso Says:

    Secretamente? Explane mais sobre o que é “secretamente” em sua opinião.

  2. Edy Newton Gomes Jardim Says:

    E porque tudo isso foi feito secretamente?

  3. Yandy Branchete Says:

    “O que se espera, a partir de quinta-feira, dia 18/12, é uma declaração de autocrítica de Aécio e seus aliados, em relação às duras críticas feitas ao apoio do governo brasileiro ao porto cubano de Mariel. Terão grandeza para isso?” – Esperaremos sentados. Não terão essa grandeza exatamente porque não são (nenhum deles) Estadistas. São baratas tontas que caíram no melado e patinam, sem saber como sair.

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