A TV Globo, O Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, revistas Época e Veja abdicaram do jornalismo para descambar na panfletagem política.
Daniel Quiost, via Brasil 247
Finalmente chega ao fim este 2014, um ano com todo o jeitão de “ano facultativo”. Carnaval, semana santa, 11 feriados nacionais diversos? Bem, isso é para um ano comum, ordinário.
Fato é que 2014 contou com uma surpreendente Copa do Mundo de Futebol em junho e, também, com concorridas eleições presidenciais em outubro. Isso fez toda a diferença – festa, mais festa e novas festas.
Futebol e política, democracia em todo seu esplendor – vibração incomum se estendendo nos campos de futebol de 12 capitais brasileiras, manifestações a favor e contra, Black Blocs, ruas incendiadas.
É exatamente este o 2014 que entra em nossa História. Tempo de desafios, decisão entre modelos de governança, escolha entre visões de mundo, opção entre justiça econômica e justiça social, mais Estado e Estado mínimo, mídia conflagrada como há muito não se via – partidarizada até a medula, alguns veículos de comunicação envergonhadamente torcendo contra o governo e açodadamente servindo como assessoria de imprensa de uma oposição curtida em três imensas derrotas majoritárias que se alongam de 2002 a 2014 e transbordará para depois de 2018.
A grande perdedora de 2014 não foi a oposição, porque esta perdeu para si mesma – sem propostas, sem discurso que empolgasse 200 milhões de brasileiros e sempre jogando na retranca quando não podia aumentar a torcida pelo sempre aguardado – e sempre adiado – caos que nunca veio e nunca se materializou.
A grande perdedora de 2014 foi a grande imprensa – TV Globo, O Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, revistas Época e Veja – que abdicou do jornalismo para descambar na panfletagem política, começando por ocultar dos lugares de relevo (capas, primeiras páginas, cadernos nobres, grandes reportagens, escalada de telejornais em horário nobre) o megaescândalo dos trens/metrô de São Paulo envolvendo sucessivos governos tucanos em São Paulo por mais de década e meia, a formidável seca de água em São Paulo, a maior metrópole da América Latina, resultante da falta de previsibilidade dos governos tucanos aliado à ausência de investimentos a hora e a tempo na mastodôntica empresa de águas e esgotos de São Paulo, a Sabesp.
A mesma grande imprensa que nunca deixou passar qualquer vestígio, por tênue que fosse, envolvendo lideranças petistas em malfeitorias ou com algum trânsito com o governo federal.
A falência jornalística dos maiores conglomerados de comunicação do país pode ser autopsiada mediante a absoluta ausência de investigação e de respostas cabais para o barulhento e inconveniente passivo que legará para o ano novo de 2015:
1) Qual o volume de recursos financeiros do governo de Minas Gerais aplicados ao longo de 12 anos nas empresas de comunicação Arco-Íris, de propriedade do senador derrotado à Presidência da República Aécio Neves?
2) De onde vinha, para onde seguia e em quais aeroportos e pistas de pousos, ao menos em Minas Gerais, fizera uso o helicóptero apreendido com 449 quilos de cocaína de propriedade do senador mineiro Zezé Perrella (PDT/MG), correligionário do senador Aécio Neves?
3) A quem pertencia o avião que matou o presidenciável pernambucano Eduardo Campos e quais os motivos do PSB para não esclarecer os custos da citada aeronave ao longo da campanha de Eduardo Campos e sua substituta Marina Silva à Presidência da República?
4) Porque a grande imprensa simplesmente se faz de morta – passados oito meses! – desde que o ministro Gilmar Mendes pediu vistas durante julgamento no STF, no exato momento em que seis ministros já reconheciam que as doações de empresas para campanhas eleitorais ferem a Constituição? Onde as cobranças, os editoriais e as matérias investigando os motivos que levam Gilmar Mendes a travar por tão longo prazo a conclusão do importante julgamento, mesmo sabendo que seu voto em nada poderá alterar a decisão da Suprema Corte?
Essas são as grandes questões que 2014 lega para 2015.
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