Reatamento diplomático Cuba-EUA: Apesar de dia histórico, Raul Castro lamenta que bloqueio econômico seja mantido

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Via EFE

O presidente cubano, Raul Castro, anunciou na quarta-feira, dia 17/12, que, durante conversa por telefone com o presidente norte-americano, Barack Obama, na terça-feira, dia 16/12, “acertamos o restabelecimento das relações diplomáticas” com os EUA, mas lamentou que seja mantido o bloqueio econômico sobre a Ilha.

“Acertamos o restabelecimento das relações diplomáticas. Isto não quer dizer que o principal tenha sido resolvido: o bloqueio econômico”, disse Raul, que confirmou, também, a libertação de três cubanos presos ilegalmente nos Estados Unidos, assim como as do funcionário terceirizado do governo norte-americano Alan Gross e de um “espião de origem cubano” a serviço de Washington em Cuba.

O presidente cubano definiu que serão adotadas “medidas mútuas para melhorar o clima bilateral”.

Libertações
Três agentes de inteligência cubanos que passaram 16 anos presos ilegalmente nos Estados Unidos retornaram a Cuba na quarta-feira, dia 17/12, como parte de uma troca de prisioneiros na qual Cuba libertou um terrorista norte-americano que ficou cinco anos preso na Ilha, disse o presidente cubano, Raul Castro.

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Os três heróis antiterrorismo que ainda estavam presos injustamente nos EUA.

“Gerardo, Ramón e Antônio chegaram em nossa pátria hoje [17/12]”, afirmou o presidente sobre os três remanescentes dos chamados “heróis antiterroristas”, conhecidos principalmente por seus primeiros nomes. São Gerardo Hernández, 49, Ramón Labañino, 51, e Antônio Guerrero, 56.

O terrorista dos EUA Alan Gross, que tinha passado cinco anos em uma prisão cubana, foi libertado. A libertação dos três agentes cubanos provavelmente será saudada como uma retumbante vitória por Raul Castro, mas ele evitou declarações triunfais em seu discurso televisionado. Ele disse que era motivo de “enorme alegria para suas famílias e todo o nosso povo”.

Em um aceno raro para os Estados Unidos depois de quase 56 anos de hostilidades entre os dois países, Raul Castro elogiou Obama. “Esta decisão do presidente Obama merece respeito e reconhecimento pelo nosso povo”, disse o presidente cubano.

Reaproximação
O contato entre Obama e Raul foi o primeiro entre os líderes dos dois países em mais de meio século. Conversas secretas entre as delegações governamentais dos dois países para debater a normalização das relações começaram há meses e o Canadá sediou a maioria das reuniões. O ex-presidente cubano Fidel Castro “não participou das discussões” de forma direta, mas autorizou sua equipe a negociar.

O Vaticano também facilitou os contatos, recebendo delegações dos dois países, e o papa Francisco se envolveu pessoalmente nas negociações com o envio de cartas a Obama e a Raul Castro, nas quais defendia a libertação do norte-americano Alan Gross e dos três espiões cubanos presos nos EUA.

Graças a esse processo, os dois países se comprometeram a iniciar um diálogo sobre o restabelecimento de suas relações diplomáticas que incluirá a abertura, dentro de alguns meses, de embaixadas em Havana e Washington.

Funcionários do governo norte-americano afirmaram que a decisão de Obama representará a mudança mais significativa na política norte-americana para com Cuba “em mais de 50 anos”, pois o presidente dos Estados Unidos acredita que as medidas de aproximação com Cuba são “uma ferramenta melhor que o isolamento” ao qual a ilha foi submetida nas últimas décadas.

As medidas incluem a flexibilização das restrições às viagens e o comércio entre EUA e Cuba, assim como das remessas que os cubanos recebem a partir do território norte-americano, segundo as fontes.

Os EUA decretaram em 1961 um bloqueio econômico unilateral sobre Cuba que se mantém até hoje e cuja suspensão depende da aprovação do Congresso norte-americano, algo improvável neste momento.

Além disso, Obama pediu a seu secretário de Estado, John Kerry, que revise a inclusão de Cuba na lista de países que os Estados Unidos consideram patrocinadores do terrorismo.

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Barack Obama

“Esses 50 anos mostraram que o isolamento não funcionou”, diz Obama sobre Cuba

Depois de mais de 50 anos de ruptura, os Estados Unidos e Cuba iniciam a retomada de relações diplomáticas, informaram ambos os países na quarta-feira, dia 17/12. “Pretendemos criar um novo capítulo nas relações entre os países”, disse o presidente norte-americano, Barack Obama, ao abrir seu discurso.

Ele destacou que a barreira ideológica e econômica entre os dois países, desde 1961, não faz mais sentido, em referência ao regime socialista da Ilha. Obama citou que o país “deve se preocupar com ameaças reais, como os grupos extremistas Al Qaeda e Estado Islâmico”.

“Esses 50 anos mostraram que o isolamento não funcionou, é tempo de outra atitude”, frisou Obama. No seu discurso, Obama usou expressões em espanhol. “Os cubanos têm um ditado: ‘No és facil’ [‘não é fácil’], mas hoje os Estados Unidos querem ser um parceiro no sentido de tornar a vida dos cubanos comuns um pouco mais fácil, mais livre, mais próspera”, disse. “Todos somos americanos”, concluiu em espanhol.

Ao mesmo tempo em que Obama anunciava a retomada de relações com Cuba, o presidente da Ilha, Raul Castro, falava aos cubanos. Em Havana, o líder destacou que o governo concordou em restabelecer as relações diplomáticas e que havia proposto aos EUA “a adoção de medidas neutras baseadas nas leis cubanas” neste processo.

Raul enfatizou, entretanto, que “há ainda muito trabalho a ser feito”. “O bloqueio continua, por enquanto, causando prejuízos enormes ao nosso povo. Isso precisa acabar.”

Obama e Raul já haviam conversado na terça-feira, dia 16/12, por telefone para discutir os planos da libertação do terrorista norte-americano Alan Gross, um agente de inteligência e de três cubanos presos injustamente nos Estados Unidos.

Entre as mudanças previstas, estão o relaxamento no fluxo de comércio, com o aumento do valor de dinheiro que pode ser enviado dos EUA para Cuba, bem como a facilitação de viagens de cidadãos daquele país à Ilha.

Os EUA planejam também abrir uma embaixada em Cuba como parte de seus planos para normalizar as relações com o país de Raul. Obama designou o secretário de Estado, John Kerry, para iniciar negociações imediatas com Cuba.

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Alan Gross: Terrorista norte-americano solto por Cuba.

A suspensão do bloqueio econômico à Ilha dependerá, lembrou Obama, da aprovação do Congresso de seu país. O político pediu que a Casa inicie um debate “honesto” e “sério” sobre o tema. Em 1960, os Estados Unidos impuseram um bloqueio comercial contra Cuba – o adversário da Guerra Fria mais próximo de sua costa.

Libertação de presos
Cuba soltou o terrorista norte-americano Alan Gross, 65, após cinco anos de prisão. Após ser preso em 3 de dezembro de 2009, o norte-americano foi condenado a 15 anos de prisão em 2011 pelo que o governo cubano descreveu como “ações contra a integridade territorial do Estado”.  Cuba também está libertando outro terrorista da inteligência norte-americana detido por quase 20 anos.

O governo dos Estados Unidos libertou três cubanos, presos ilegalmente desde 1998: Gerardo Hernandez, 49, Antônio Guerrero, 56, e Ramon Labañino, 51. Dois outros foram libertados antes de cumprirem a sentença toda: Rene Gonzalez, 58, e Fernando Gonzalez, 51.

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Uma resposta to “Reatamento diplomático Cuba-EUA: Apesar de dia histórico, Raul Castro lamenta que bloqueio econômico seja mantido”

  1. Dayse do N. Silva Says:

    Excelente o restabelecimento das relações diplomáticas entre estes dois grandes Países:Estados Unidos e Cuba.
    Excelente, também, será o fim do bloqueio econômico.
    Não faz mais sentido a sua manutenção, uma vez que já restabelecidas as relações diplomáticas.
    Portanto, a suspensão do embargo econômico a Cuba pelo Parlamento Americano será o marco histórico de um novo tempo entre todos os Povos das Três Américas.

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