Paulo Nogueira, via DCM
O Pew Research Center é, provavelmente, o mais respeitado instituto de pesquisas do mundo. Baseado em Washington, é apartidário.
Se você quer saber como as pessoas estão enxergando as coisas no plano global, vale a pena acompanhar o Pew. Seu último trabalho é manchete hoje internacionalmente. Já li repercussões na BBC, no Der Spiegel e no Washington Post.
Retrata, paradoxalmente, o óbvio: o desgaste mundial da imagem de Obama e dos Estados Unidos. Pesquisadores do Pew em 20 países significativos – o Brasil incluído – constataram o quanto os norte-americanos são objeto de desilusão e reprovação.
No centro da rejeição estão os famosos drones, os aviões sem tripulação com os quais os norte-americanos matam militantes de grupos islâmicos – e também mulheres, crianças e velhos que nada têm a ver com a Guerra ao Terror.
Em todo o mundo, excetuados os Estados Unidos, os drones são condenados. No Brasil, três quartos das pessoas ouvidas se disseram contra. Usados inicialmente por George W. Bush, Obama não apenas continuou a utilizá-los como também elevou o número de ataques. Segundo o NY Times, Obama aprova pessoalmente cada uso de drone.
Uma vez que os norte-americanos aprovam, Obama segue adiante, porque é deles que virão os votos que provavelmente o levarão a um segundo mandato.
É uma visão claramente egoísta e isso se reflete no levantamento do Pew. Na enorme maioria dos países, e mais ainda no Oriente Médio, os Estados Unidos são vistos como uma sociedade que pensa apenas em si própria.
Economicamente, a percepção internacional é que o declínio norte-americano é um fato da vida. No levantamento do Pew, a China foi apontada como a maior referência da economia mundial hoje.
A Casa Branca não comentou a pesquisa. Mas nem era necessário. Os dados falam sozinhos.
7 de novembro de 2014 às 21:56
O último trabalho do Pew é manchete internacionalmente, reverberando em jornais importantes da Europa? Mas a imprensa brasileira não tomou conhecimento, não comentou. Bem, as pessoas lidas conhecem o famoso julgamento de nossa imprensa, formulado por Millôr Fernandes (Que falta está fazendo o Millôr!).