Paulo Nogueira, via DCM em 27/3/2014
“E então a S&P rebaixou a França.
E o que isso nos diz?
Não muito sobre a França. Não podemos subestimar que as agências de classificação não têm – repetindo, não têm – informações privilegiadas sobre solvência de grandes países.”
Clap, clap.
Assim se iniciou um artigo, no final do ano passado, do Nobel de Economia Paul Krugman.
Troque França por Brasil, e o conteúdo continua inteiramente válido.
Krugman – que em outra ocasião chamara os economistas da S&P de “idiotas”, depois que eles rebaixaram os Estados Unidos – notava o seguinte: a França no fundo estava sendo rebaixada porque o presidente Hollande aumentara o imposto sobre os ricos e não desmontara o estado de bem estar social.
Na França, a nota da S&P esteve longe de causar comoção nacional.
Mas no Brasil o caso vai ser absurdamente explorado – muito mais por razões políticas do que econômicas.
É um ano eleitoral, e a oposição a Dilma vai usar a S&P como prova de que o país está afundando, assim como vem acontecendo com a compra de uma refinaria em Pasadena pela Petrobras.
É o chamado triunfo do desespero. Na falta de uma candidatura oposicionista que empolgue os brasileiros, e diante da vantagem de Dilma a poucos meses das eleições, vale qualquer coisa.
Mas pouco vai mudar eleitoralmente. As pessoas que se comovem com notas de agência de classificação de crédito – e nunca é demais lembrar que elas falharam miseravelmente em não perceber a grande crise de 2008 – não votam em Dilma.
As agências refletem, como notou Krugman, o chamado “mercado” – ou, para usar uma linguagem mais apropriada, o “1%”.
Sob Lula, o Brasil atingiu seu grau máximo para as agências. Isso porque, como o próprio Lula tantas vezes disse, nunca bancos e empresas ganharam tanto no Brasil.
Se Dilma recebeu uma “luz amarela”, como dizem alguns investidores estrangeiros interessados em coisas como juros altíssimos, é porque deve estar fazendo alguma coisa certa para os “99%”.
Menos do que deveria, com certeza, mas mais do que gostaria gente que, como a S&P, representa o “1%”.
Leia também:
● Cynara Menezes: A Folha, FHC e a Standard & Poor’s
● Antonio Lassance: Somos educados para o analfabetismo econômico
● Standard & Poor’s é o urubu que fala inglês
Tags: Classificação, Standard & Poor’s
30 de março de 2014 às 3:31
A importância da classificação da S&P não tem qualquer validade para país algum do mundo.. Sómente os paspalhões aqui do Brasil mencionam em relevo suas notas que não representam nada vezes nada. LIXO!
28 de março de 2014 às 6:27
[…] See on limpinhoecheiroso.com […]