Mauro Santayana em seu blog
Um dos principais assuntos da semana passada foi a realização de uma reunião da presidente Dilma, para analisar o asilo a Edward Snowden, em troca de informações sobre as atividades de espionagem da NSA contra cidadãos e autoridades Brasileiras.
O assunto surgiu a partir de uma “carta aberta” de Snowden ao povo Brasileiro, publicada na Folha de S.Paulo, e do lançamento de uma campanha em defesa do asilo a ele, com a coleta de assinaturas e o uso de máscaras que reproduzem sua face.
O texto renovou as denúncias a propósito dos riscos que corremos – nós e pessoas de outras nacionalidades – de termos nossas comunicações interceptadas, todos os dias, e de sermos até mesmo chantageados pelos EUA, por nossas atividades na internet.
Ela foi, também, uma mensagem de gratidão ao governo Brasileiro, pela atenção dada às denúncias e pelo empenho demonstrado, nas Nações Unidas, para atuar com firmeza em defesa da privacidade como um direito fundamental de todo ser humano.
O que mais chamou a atenção, no entanto, foi a parte em que Snowden afirmava, com relação às investigações que estão sendo realizadas pelo governo Brasileiro:
“Expressei minha disposição de auxiliar quando isso for apropriado e legal, mas, infelizmente, o governo dos EUA vem trabalhando arduamente para limitar minha capacidade de fazê-lo, chegando ao ponto de obrigar o avião presidencial de Evo Morales a pousar para me impedir de viajar à América Latina. Até que um país conceda asilo político permanente, o governo dos EUA vai continuar a interferir com minha capacidade de falar.”
Esse trecho foi interpretado como uma espécie de barganha, por meio da qual Snowden estaria oferecendo sua colaboração e informações, em troca de eventual concessão de asilo, pelo governo Brasileiro.
Hipótese que foi rapidamente desmentida pelo jornalista Gleen Greenwald, espécie de porta-voz oficioso de Snowden, que afirmou, que, na verdade, ele estaria apenas explicando sua impossibilidade de vir ao Brasil pessoalmente, devido à implacável perseguição que lhe é movida pelo governo norte-americano.
Ao tratar o assunto como uma questão de Estado, o Brasil poderia estar superestimando o fato e caindo em uma armadilha diplomática e institucional. O asilo a Snowden, só se justifica por razões humanitárias, caso estivesse correndo risco de vida, na Rússia, onde está agora, o que não é o caso. Aceitá-lo, em troca de informações, equivaleria moralmente a equiparar-nos aos EUA, fazendo o que eles fizeram conosco, que foi meter o bedelho em nossos assuntos internos.
A mensagem mais importante da carta de Snowden está no final, quando ele declara:
“Se o Brasil ouvir apenas uma coisa de mim, que seja o seguinte: quando todos nos unirmos contra as injustiças e em defesa da privacidade e dos direitos humanos básicos, poderemos nos defender até dos mais poderosos dos sistemas.”
Tags: Asilo político, Edward Snowden
30 de dezembro de 2013 às 3:24
O Brasil não tem condições de garantir a vida de Snowden em território nacional. Infelizmente existe entre nós uma legião imensa de reles traidores da Pátria que logo tratariam de matar o nosso herói, a troco dum guardanapo de papel para limpar a baba que lhes brota da bocarra imunda por grande satisfação em serem um bando de cuzões.
29 de dezembro de 2013 às 19:25
Consta que Snowden teria declarado que não trocaria informações por asilo. E o ano de asilo na Rússia está se esgotando.