Folha financiava a ditadura e Frias, amigo pessoal de Fleury, visitava o Dops, diz ex-delegado

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Cláudio Guerra assumiu ser autor de atentado no jornal O Estado de S. Paulo na década de 1980.

O ex-delegado da Polícia Civil Cláudio Guerra fez uma série de revelações em depoimento à Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, sobre episódios da ditadura militar. Detalhou o caso conhecido como “Chacina da Lapa” e tratou da participação do dono da Folha de S.Paulo e de outros empresários no apoio financeiro à repressão.

Via Portal Terra e lido no Viomundo

O ex-delegado da Polícia Civil Cláudio Guerra afirmou na terça-feira, dia 23, à Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, que foi o autor da explosão de uma bomba no jornal O Estado de S.Paulo, na década de 1980, e afirmou que a ditadura, a partir de 1980, decidiu desencadear em todo o Brasil atentados com o objetivo de desmoralizar a esquerda no País.

“Depois de 1980 ficou decidido que seria desencadeada em todo o País uma série de atentados para jogar a culpa na esquerda e não permitir a abertura política”, disse o ex-delegado em entrevista ao vereador Gilberto Natalini (PV), que foi ao Espírito Santo conversar com Guerra.

No depoimento, Guerra afirmou que “ficava clandestinamente à disposição do escritório do Sistema Nacional de Informações (SNI)” e realizava execuções a pedido do órgão. Entre suas atividades na cidade de São Paulo, Guerra afirmou ter feito pelo menos três execuções a pedido do SNI. “Só vim saber o nome de pessoas que morreram quando fomos ver datas e locais que fiz a execução”, afirmou o ex-delegado, dizendo que, mesmo para ele, as ações eram secretas.

Guerra falou também do coronel Brilhante Ustra e do delegado Sérgio Paranhos Fleury, a quem acusou de tortura e assassinatos. Segundo ele, Fleury “cresceu e não obedecia mais ninguém”. “Fleury pegava dinheiro que era para a irmandade [grupo de apoiadores da ditadura, segundo ele]”, acusou.

Folha_Apoiou_Ditadura03O ex-delegado disse também que Fleury torturava pessoalmente os presos políticos e metralhou os líderes comunistas no episódio que ficou conhecido como “Chacina da Lapa”, em 1976.

“Eu estava na cobertura, fiz os primeiros disparos para intimidar. Entrou o Fleury com sua equipe. Não teve resistência, o Fleury metralhou. As armas que disseram que estavam lá foram “plantadas”, afirmo com toda a segurança”, contou.

Guerra disse que recebia da irmandade “por determinadas operações bônus em dinheiro”. O ex-delegado afirmou que os recursos vinham de bancos, como o Banco Mercantil do Estado de São Paulo, e empresas, como a Ultragás e o jornal Folha de S.Paulo. “Frias [Otávio, então dono do jornal] visitava o Dops [Departamento de Ordem Política e Social], era amigo pessoal de Fleury”, afirmou.

Segundo ele, a irmandade teria garantido que antigos membros até hoje tivessem uma boa situação financeira.

“Enterrar estava dando problema”

Segundo Guerra, os mortos pelo regime passaram a ser cremados, e não mais enterrados, a partir de 1973, para evitar “problemas”. “Enterrar estava dando problema e a partir de 1973 ou 1974 começaram a cremar. Buscava os corpos da Casa de Morte, em Petrópolis, e levava para a Usina de Campos”, relatou.

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Uma resposta to “Folha financiava a ditadura e Frias, amigo pessoal de Fleury, visitava o Dops, diz ex-delegado”

  1. Marcos Pinto Basto Says:

    Estas confissões espontâneas de antigos membros dos antros da tortura, deveriam ser divulgadas na televisão em horário nobre.

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