Rogério Tomaz Jr., Via Conexão Brasília/Maranhão
Boa parte do Brasil parou na noite de domingo, dia 15, para ver a supostamente bombástica entrevista de Rosane Brandão Malta (ex-Rosane Collor) ao Fantástico, a “revista eletrônica” da Rede Globo.
Todos esperavam revelações “fortes” – prometidas nas chamadas do programa – da ex-primeira dama da República. Para usar uma metáfora gasta, a Globo prometeu a lua, mas entregou a seus telespectadores uma paisagem lunar: só crateras vazias e nenhuma substância consistente.
Os rituais de magia negra, a relação com PC Farias, as memórias sobre o processo de impeachment… tudo que Rosane falou e o Fantástico exibiu já era de conhecimento até do reino mineral – expressão de Nelson Rodrigues, não de Mino Carta, como pensam alguns.
Nada, absolutamente nada, se salva da entrevista, em termos de novidade. Em termos jornalísticos, a “reportagem” foi um fracasso total. É de se perguntar, aliás, qual o critério jornalístico que levou a Globo a produzir tal entrevista. Não há qualquer fato novo – poderia ser o livro de Rosane, mas não se sabe nada dele, tanto que foi citado apenas superficialmente – que justifique toda a mobilização da maior emissora do Brasil para tal empreitada com tanto destaque.
O que justifica a reportagem, na verdade, não é nada mais do que a necessidade de atacar o agora inimigo Fernando Collor de Mello.
A eleição de Collor foi uma fraude. Não pelos votos em si, mas pelo candidato, que não passava de um produto midiático preparado e apoiado com todo o poder dos grandes meios de comunicação para ser o anti-Lula de 1989.
Agora, passados 20 anos, Collor deixou de ser aliado e passou a ser inimigo, por compor a base de apoio do governo petista. Para a Globo e para a Veja, a primeira que ungiu Collor como um verdadeiro Messias em 1989, é o que basta para ele ser colocado na alça de mira.
Lamentável é ver que profissionais – vou poupá-los de citação nominal – tão respeitados na TV brasileira se prestem a cumprir um papel vexatório como o dessa “matéria”. Aliás, para fingir que o assunto se tratava mesmo de jornalismo, os apresentadores do Fantástico fizeram questão de informar que tentaram ouvir Collor durante toda a semana, mas o senador, que de besta não tem nada, se recusou a falar.
Ótimo seria se Collor publicasse um livro contando como atuavam os donos, diretores e lobistas da Rede Globo durante seu governo.
Para ver a entrevista completa, clique aqui.
Marconi Perillo
O governador tucano de Goiás, que não tem nada a ver com a briga Globo × Collor, deve ter sentido muito incômodo com as referências tão detalhadas do processo que levou à deposição do então presidente.
O Fantástico mirou Collor, mas poderá acabar acertando Perillo, pois colocou em evidência denúncias que derrubaram o presidente e hoje acossam o tucano.
Perillo provavelmente se viu na “reportagem” quando esta falou da CPI que investigou Collor e descobriu cheques-fantasmas, esquemas de caixa 2, um tesoureiro de campanha influenciando no governo (no caso do tucano, este atende por Lúcio Fiuza Gouthier, que foi convocado à CPMI do Cachoeira, mas ficou calado).
A CPMI do Cachoeira está sendo tratada pelos grandes meios de comunicação como se fosse uma novela. Heróis, vilões, figuras exóticas, tramas urdidas nas sombras e outros ingredientes são utilizados para cobrir o cotidiano do órgão.
Para o azar de Perillo, a matéria do Fantástico faz a CPMI do Cachoeira parecer uma “vale a pena ver de novo”, com o tucano no centro do trama.
Via Twitter, a jornalista Leda Nagle comentou assim a “matéria” do Fantástico:
Já o humorista Maurício Meirelles, do CQC, foi mais irônico:
Leia também: Por ganhar “apenas” R$18 mil de pensão, Rosane detona Collor
Tags: CPI do Cachoeira, Entrevista, Fantástico, Fernando Collor de Mello, Marconi Perillo, Rede Globo, Rosane Collor
17 de julho de 2012 às 19:25
Jornalistas da Rede Goelbbes de Comunicação… Que vexame!! Quo vadis? Agora me ponho perplexo nesta plateia, olhando para lugar nenhum, porque de onde pensei fosse sair algo – Rede Goelbbes – só saem torpeza, matéria putrefata, injúrias, calúnias e difamações as mais abjetas. Onde já se viu isso, jornalistas adultos, aparentemente centrados, dando uma de miolo mole para cima do povo? Estou decepcionado. Abaixo a Rede Globo! Abaixo a Editora Abril e sua filhote mais querida: a VEJA!