Via Portal SRZD
O engenheiro Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, preso e assassinado por órgãos repressivos do governo em outubro de 1975 durante a ditadura militar (1964-1985), afirmou ao SRZD na tarde de sexta-feira, dia 6, que encara a divulgação das fotos do corpo deseu pai como um estímulo à abertura das investigações sobre o caso. Na conversa, apontou também o nome do atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, como um dos responsáveis pelo fim trágico de Herzog.
“Eu acredito sim [na retomada das apurações] porque existe uma ordem judicial de 1978, não cumprida pelo Estado, do juiz Márcio Moraes, ordenando a reabertura das investigações. Ela foi emitida porque já naquela época havia indícios de que um crime havia sido cometido e essas fotos fortalecem esses indícios”, afirmou Ivo Herzog, que também é diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog.
No último dia 26 de junho, o jornalista Juca Kfouri denunciou em seu blog que a presidente Dilma Rousseff recusa se encontrar com Marin pelo fato de ele ter supostamente discursado a favor da prisão de Herzog 16 dias antes da morte do jornalista. O Palácio do Planalto, no entanto, nega os motivos citados por Kfouri. Mesmo já tendo se passado 37 anos da morte de Herzog, Ivo confessou ao SRZD que as investigações da Comissão Nacional da Verdade não serão capazes de reparar a perda do pai, e aproveitou para reforçar a bomba que, recentemente, causou mal-estar nas bases do governo.
“A perda da morte do meu pai é irreparável, mas eu acho que a Comissão Nacional da Verdade pode ajudar a um maior entendimento sobre as circunstâncias e quem foram os personagens envolvidos nela. Alguns deles cumprem altíssimos cargos públicos representando o Brasil no âmbito internacional, pessoas que discursaram politicamente contra a liberdade e a favor de um processo violento contra a democracia”. Questionado sobre o nome do personagem alvo de sua denúncia, Ivo foi curto e direto: “José Maria Marin”.
Sobre o fato de a Comissão da Verdade ter optado pelo sigilo dos depoimentos de agentes da repressão que não quiseram divulgar suas identidades, Ivo declarou não ter uma posição formada.
“Essa é uma questão delicada. Não tenho uma resposta precisa para te dar. Consigo ser solidário que, dentro de uma estratégia jurídica, essas pessoas não estejam expostas no momento do depoimento. Mas acho inaceitável que esses depoimentos sejam mantidos em sigilo ao final das investigações”, enfatizou.
A equipe de reportagem do SRZD entrou em contato com a assessoria de imprensa da CBF e aguarda o posicionamento sobre o caso.
Tags: CBF, Comissão da Verdade, Ditadura militar, Ivo Herzog, José Maria Marin, Presidente, Torturado, Vladimir Herzog
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